IMATURIDADE  INFANTIL
“Nos primeiros momentos, meses e anos de vida, cada toque, movimento e emoção sentidos por uma criança traduzem-se em explosão de actividade eléctrica e química no cérebro, uma vez que bilhões de células estão se organizando em redes que requerem triliões de sinapses entre si. Nesses primeiros anos da infância, experiências e interacções com os pais, os membros da família e outros adultos influenciam a maneira como a mente de uma criança se desenvolve com o impacto tão grande quanto o de factores como nutrição adequada, boa saúde e água limpa.” 
(UNICEF. Situação Mundial da Infância 2001- Desenvolvimento Infantil).
A criança nasce, simultaneamente, duas vezes: biológica e socialmente, o que equivale a dizer que a criança, ao nascer, já se encontra inserida numa classe social, num grupo cultural, numa comunidade linguística e que isto será determinante no seu processo de desenvolvimento e na constituição de suas peculiaridades psíquicas e comportamentais.
Os processos de desenvolvimento e de socialização da criança são diversos, exigindo uma postura de conhecimento não só da criança, mas do seu grupo social e cultural. A criança precisa, portanto, ser considerada como um ser concreto e não como um ser abstracto e idealizado a partir de um padrão universal.
Nos estratos sociais mais baixos, por exemplo, podemos encontrar características de socialização de estilo mais comunitário e de menos afecto. Diferentemente, nas classes médias, mais próximas do modelo burguês da família nuclear, o estilo é mais individualista e a criança, em geral, é mais superprotegida. Esses estilos diferentes vão reflectir-se, desde muito cedo, na postura da criança em relação ao mundo e a si própria. Sem julgar o modelo de socialização existente nas diferentes classes sociais, o importante é não confundir, por exemplo, a maneira de educar da classe popular com falta de amor e afecto, nem considerar como ideal o modo da classe média lidar com as crianças.
Este modo de agir com a criança, também pode influenciar o seu desenvolvimento, pois nos dias de hoje as crianças vivem bombardeadas de informações, usam aparelhos electrónicos, vídeo-jogos, computador e TV. Mas, apesar de todo esse avanço tecnológico, temos de nos lembrar que a criança não é um adulto. Por mais que fale bem, faça cursos, ela ainda é uma criança e, muitas vezes, as pessoas esquecem isso.
A imaturidade pode ser entendida como um atraso no desenvolvimento da criança.
Uma criança torna-se imatura, na maioria das vezes, porque os seus responsáveis não "permitem" que a mesma cresça, no sentido de aprender a realizar tarefas sozinhas, independentemente de estas estarem certas ou erradas. 
Podemos dizer que as crianças precisam de independência desde pequenas. Elas devem ser incentivadas por seus pais ou responsáveis a realizar suas tarefas, mostrando que ela é responsável pelas consequências de seus actos, sejam estes bons ou não. Os pais precisam mostrar aos seus filhos que todos devem ser responsáveis, quando ele fizer alguma coisa certa deve ser incentivado, elogiado mas quando erra precisa ser elucidado de forma clara para que este saiba que errou e não simplesmente passar a mão na cabeça dos filhos, como se nada tivesse acontecido. 
A criança desde pequena deve ser incentivada a realizar as suas tarefas, os pais ou responsáveis devem atribuir tarefas simples para as crianças de acordo com suas idades. Por exemplo, deixar a criança responsável pela alimentação do animal de estimação, estimular e elogiar quando ela toma banho sozinha, aperta os sapatos, dentre outras actividades, sempre observando a compatibilidade com a idade da criança. Mesmo que a criança não o faça perfeito deve-lhe ser dado crédito e elogiá-la, porém sem exageros. 
Uma criança que não aceita "não" como resposta, que é egocêntrica, não realiza as tarefas que colegas de sua idade realizam, por exemplo, são pontos que podem indicar que uma criança é imatura. O diagnóstico precisa ser diferenciado de algum problema neurológico. Aqui estamos falando de problemas de comportamento adquirido e não de problemas neurológicos. Uma criança que não aceita limites, não sabe executar tarefas, é insegura, terá problemas na vida adulta, tanto emocionalmente como profissionalmente. 
Os pais precisam ter atenção e perceber que, dar tudo ao seu filho, não é o melhor caminho. A criança precisa aprender a ganhar e a perder, isso é aprendizado e crescimento. O psicólogo pode ajudar os pais nessa tarefa, orientando-os como seguir um caminho mais saudável emocionalmente. A tarefa é feita com a criança e com os pais. Não tem como tratar uma criança se os pais ou responsáveis não mudarem suas atitudes no quotidiano.
Isso pode ser consequência do mundo corrido em que vivemos. Na maioria das famílias o pai e a mãe trabalham muito tempo fora, estes muitas vezes se sentem culpados pela falta de tempo dedicada aos filhos e permitem-lhes "tudo", com receio de repreendê-los, dando muitas vezes bens materiais com a intenção de supri-los da falta de tempo, atenção, carinho. Esse caminho pode ajudar a desenvolver a imaturidade, a falta de limites, a crer que bens materiais valem mais que sentimentos. 
Claro que não podemos responsabilizar apenas os pais e a sociedade pela imaturidade em crianças, esta também pode ter como causa uma deficiência, seja ela de origem motora, psicológica ou mental, sendo estas a maior causa de imaturidade. Falemos por exemplo de crianças com espectro Autista, a sua imaturidade está ligada à sua deficiência mental, pois é ela que não permite que a maturidade se desenvolva como nas crianças ditas normais. Nestas crianças, e pelo facto de possuírem uma deficiência, apesar de crescerem a nível físico, não o fazem a nível psíquico nem mental, podendo, muitas vezes, possuírem um corpo adulto mas a mentalidade de uma criança de 2 anos, se virmos o problema por esse prisma, uma criança, dita normal, com essa idade também não possuiu uma maturidade completamente formada, o mesmo acontece com quem possuiu NEE.


