sexta-feira, 16 de abril de 2010

A importância da Observação

A IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO

Sertã, 7 de Julho de 2007


“ Observar é olhar com atenção para… é reparar em…”

1. Que tipo de dificuldades/problemas estão subjacentes ao papel do educador?

O educador ao observar a criança está também a ser observado por ela, logo isso vai dificultar a sua observação pois a criança sente-se observada e retrai-se, logo perde a espontaneidade. No entanto, o educador nem sempre tem tempo para enquadrar a observação nas actividades a que se propõe, baseando-se apenas nos comportamentos de grupo perante a actividade.
O que acontece muitas vezes também, é a observação ser direccionada a um quadro de referências previamente estabelecido o que vai direccionar a interpretação dos comportamentos observados. Como consequência de todos estes contratempos, o educador nem sempre consegue analisar concretamente a criança, o que o leva muitas vezes a subestimar e omitir as informações recolhidas perante os pais e colegas de profissão.

2. Em que espaços devemos observar e porquê?

Devemos observar a criança no seu dia-a-dia escolar e tanto quanto possível, no seio familiar.
Na escola devemos observar a criança em distintas situações, tais como: sala de aula, recreio, passeios escolares, hora de refeições, entradas e saídas da escola. Fora do contexto escolar, podemos junto dos pais tentar recolher as informações necessárias, para a compreensão do comportamento observado na escola.


3. De que forma o educador pode encontrar estratégias para intervir em situações específicas com determinadas crianças?

O educador pode induzir a criança a realizar tarefas/ jogos ou mesmo conversas para pode observar um comportamento específico. Nestas actividades o educador pode ter um papel activo ou de mero espectador.


4. O que podemos observar individualmente em cada criança?

Podemos observar individualmente em cada criança o que sabe fazer, o que já aprendeu, como reage e resolve os problemas que enfrenta. Podemos também comparar o estado habitual com o actual pois através do seu comportamento, humor e estado físico, por vezes, podem denunciar descuido ou até maus tratos. É por isso muito importante a observação individual pois podemos nos deparar com situações que indiquem a necessidade de atendimento rápido quer médico quer social.
PREPARAÇÃO DE ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS PARA AS REFEIÇÕES, SESTA E ACTIVIDADES PEDAGÓGICAS

SALA DAS REFEIÇÕES


Para termos uma sala de refeições ideal para uma creche ou jardim-de-infância, precisamos de um espaço amplo, de chão anti-derrapante para as crianças e auxiliares não escorregarem.
Precisamos também de mesas e cadeiras adequadas à idade das crianças assim como cadeiras de refeição para bebes.
É necessário também armários para arrumação de copos, pratos, talheres, sendo de plástico para maior segurança das crianças, o armário deve ter quinas redondas e estar a uma altura fora do alcance das mesmas.
Para a distribuição das refeições necessitamos de um carrinho de apoio, que servirá também para recolha de louça suja e aquando de aniversários servirá para destacar o aniversariante com o respectivo bolo. Em cada canto da sala estarão posicionados caixotes do lixo com reciclagem para induzir às crianças a importância da separação do lixo.
Nas paredes da sala, a decoração será alusiva ao tema “Alimentos Saudáveis” para assim chamar a atenção da importância de uma boa e equilibrada alimentação.






SALA DE ACTIVIDADES


Na sala de actividades podemos utilizar o espaço do acolhimento, que por norma é ao meio da sala, para actividades pedagógicas que, por qualquer motivo, não possam ser realizadas ao ar livre. Se o espaço do acolhimento for pequeno podemos desviar mesas e cadeiras existentes na sala, para podermos ter mais espaço.
Estas actividades, normalmente, são realizadas ao final da manhã, antes das crianças irem almoçar.
Este mesmo espaço servirá também para ajeitar as caminhas para a sesta, tendo sempre o cuidado de deixar um pequeno espaço entre as mesmas para se poder passar.















O que é a linguagem?

A linguagem é uma forma de expressão que pode ser manifestada através de palavras, sinais, imagens, gestos, formas, fórmulas, entre outras.

Quais as suas funções?
A linguagem é usada para representar conceitos de comunicação, ideias, significados e pensamentos, ou até mesmo transmitir emoções. Embora os animais também se comuniquem, a linguagem propriamente dita pertence apenas ao homem.

Que tipos de linguagem existem?
Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras.





Como se desenvolve a linguagem nas crianças (0 – 6 anos)?
Quando nascem, as crianças, apenas sabem emitir pequenos sons, como o choro, mas é através destes sons que transmitem à sua mãe se têm fome, sono, dor, fralda suja, birra, entre outras.
Com o passar do tempo, vão aprendendo pequenos vocábulos que, em conjunto com pequenos gestos, lhes servem de comunicação.
A fala linguística inicia-se geralmente no final do segundo ano, quando a criança pronuncia a mesma combinação de sons para se referir a uma pessoa, um objecto, um animal ou um acontecimento. Por exemplo, se a criança disser “bua” quando vir a água no biberão, no copo, na torneira, podemos afirmar que ela já está a falar por meio de palavras. Espera-se que aos 18 meses a criança já tenha um vocabulário de aproximadamente 50 palavras, no entanto ainda apresenta características da fala pré–linguística e não revela frustração se não for compreendida.
Na fase inicial da fala linguística a criança costuma dizer uma única palavra, atribuindo a ela no entanto o valor de frase. Por exemplo, diz “ua”, apontando para porta de casa, expressando um pensamento completo; “eu quero ir para a rua.” Essas palavras com valor de frases são chamadas holófrases.
A partir daqui acontece uma “explosão de nomes”, e o vocabulário cresce muito. Aos 2 anos espera – se que as crianças sejam capazes de utilizar um vocabulário de mais de cem palavras.

NEY MATOGROSSO - Balada do Louco

Saúde Mental Infantil

Saúde Mental Infantil (UFCD’16

Carga horária: 14 horas
. Identificar os conceitos básicos de saúde mental infantil
. Desenvolver acções adequadas à promoção da saúde mental infantil.

Conteúdos:
Fundamentos da saúde mental
. Definição
. Conceitos Básicos
Perspectivas preventivas em saúde mental
. Normal e Patológico
. Modelo Preventivo – factores de equilíbrio e de risco
. Crises de desenvolvimento e crises acidentais
Saúde Mental na Família
. Criança e família
. Importância da abordagem familiar
. Objectivos da perspectiva familiar
Criança vulnerável e em risco
. Desenvolvimento e vulnerabilidade
. Algumas situações de risco
- carência afectiva materna
- carência prematura
- criança hospitalizada
- criança de família desmembrada
- síndroma da criança negligenciada
- criança psicossomática
Saúde Mental Infantil

Problemas de saúde mental na infância podem prejudicar o desenvolvimento da criança e estão associados ao risco de transtornos psicossociais na vida adulta. Estudos epidemiológicos têm mostrado taxas variáveis de prevalência de problemas psiquiátricos em crianças e adolescentes.
Os mecanismos causais subjacentes a essas associações não são bem conhecidos. Sabe-se que eles podem ter base genética, ambiental ou ambas. Quaisquer que sejam os mecanismos envolvidos, o ambiente familiar instável, incontrolável ou caótico tem sido reconhecido como prejudicial ao desenvolvimento infantil.


DISTINÇÃO NORMAL / PATOLÓGICO

Visualização do Filme NELL

(Nell é uma jovem inocente e selvagem que cresceu numa casa isolada na floresta com a mãe e a irmã gémea. Após a morte da mãe, Nell é encontrada pelo médico local, Jerome, que fica fascinado com a sua linguagem própria e comportamento e a quer ajudar. Enquanto Paula, uma psicóloga, por sua vez, quer observá-la num laboratório. Mas o juiz encarregue do caso dá-lhes três meses para estudarem Nell na floresta, fim do qual irá decidir em relação ao seu futuro...)

___ Através do filme NELL discuta como se definem as questões do normal e patológico


O que é normal?
Responder a isso significa dizer que determinadas áreas de conhecimento científico estabelecem padrões de comportamento ou de funcionamento do organismo sadio ou da personalidade adaptada. Esses padrões ou normas referem-se a médias estatísticas do que se deve esperar do organismo ou da personalidade enquanto funcionamento e expressão.
Essas ideias ou critérios de avaliação constroem-se a partir do desenvolvimento científico de uma determinada área do conhecimento e, também a partir de dados da cultura e do comportamento do próprio observador ou especialista que nesse momento avalia este indivíduo e diagnostica que ele é doente.



O conceito de normal e patológico é extremamente relativo. Do ponto de vista cultural, o que numa sociedade é considerado normal, adequado, aceito ou mesmo valorizado poder ser considerado anormal, desviante ou patológico.
Os antropólogos têm contribuído enormemente para esclarecer essa questão de relatividade cultural. Exemplo: o comportamento homossexual (numa sociedade é considerado normal, em outra pode ser um comportamento absolutamente adequado).

A saúde mental da infância e da adolescência é por vezes difícil traçar uma fronteira entre o normal e o patológico. Por si só um sintoma não implica necessariamente a existência de psicopatologia (diversos sintomas podem aparecer ao longo do desenvolvimento normal de uma criança, sendo geralmente transitórios e sem evolução patológica). Por outro lado, o mesmo sintoma pode estar presente nos mais variados quadros psicopatológicos.
Os sintomas adquirem significado no contexto sócio-familiar e no momento evolutivo da criança. Deste modo, na presença de um ambiente familiar tolerante e tranquilizador, existe uma maior probabilidade de os sintomas diminuírem e até desaparecerem.
Já num meio intolerante, agressivo ou angustiante, as perturbações que a criança apresenta podem perdurar e afectar o seu desenvolvimento.
Sabe-se muitas vezes que pais impacientes ou ansiosos concentram a sua atenção num dado acontecimento ou sintoma, dando-lhe uma importância excessiva, fortalecendo-o, até se tornar um problema, sem que na maioria das vezes os pais tenham a noção deste seu papel. Os seus esforços para combater determinada situação problemática acabam por criar um estado de tensão na criança, reforçando o sintoma.

Apresentamos de seguida alguns indicadores que nos ajudam a efectuar a distinção entre normal e patológico.

Sintomas Normais (inerentes ao desenvolvimento)
Surgem no decurso de conflitos inevitáveis e necessários ao desenvolvimento psicológico da criança. Características:
Transitórios.
Pouco intensos.
Restritos a uma área da vida da criança.
Sem repercussão sobre o desenvolvimento.
A criança fala neles com facilidade.
Sem disfunção familiar evidente.

Sintomas Patológicos
Características:
Intensos e frequentes.
Persistem ao longo do desenvolvimento.
Causam grave restrição em diferentes áreas da vida da criança.
Repercussão no desenvolvimento psicológico normal.
Meio envolvente patológico.
Desadequados em relação à idade.
Associação de múltiplos sintomas.

Estar atento a eventuais sinais de alerta para referenciação
Na primeira infância:
Dificuldades na relação mãe-bebé.
Dificuldade do bebé em se auto-regular e mostrar interesse no mundo.
Dificuldade do bebé em envolver-se na relação com o outro e em estabelecer relações diferenciadas.
Avaliação, Triagem e Referenciação
Ausência de reciprocidade interactiva e de capacidade de iniciar interacção.
Perturbações alimentares graves com cruzamento de percentis e sem causa orgânica aparente.
Insónia grave.

Na idade escolar:
Dificuldades de aprendizagem sem défice cognitivo e na ausência de factores pedagógicos adversos.
Recusa escolar.
Hiperactividade / agitação (excessiva ou para além da idade normal).
Ansiedade, preocupações ou medos excessivos.
Dificuldades em adormecer, pesadelos muito frequentes.
Agressividade, violência, oposição persistentes, birras inexplicáveis e desadequadas para a idade.
Dificuldades na socialização, com isolamento ou relacionamento desadequado com pares ou adultos.
Somatizações múltiplas ou persistentes.



Leitura e análise do texto:
O Nariz –
Luís Fernando Veríssimo (O Analista de Bagé)
Era um dentista, respeitadíssimo. Com seus quarenta e poucos anos, uma filha quase na faculdade. Um homem sério, sóbrio, sem opiniões surpreendentes mas uma sólida reputação como profissional e cidadão. Um dia, apareceu em casa com um nariz postiço. Passado o susto, a mulher e a filha sorriram com fingida tolerância. Era um daqueles narizes de borracha com óculos de aros pretos, sombrancelhas e bigodes que fazem a pessoa ficar parecida com o Groucho Marx. Mas o nosso dentista não estava imitando o Groucho Marx. Sentou-se à mesa do almoço – sempre almoçava em casa – com a retidão costumeira, quieto e algo distraído. Mas com um nariz postiço.
- O que é isso? – perguntou a mulher depois da salada, sorrindo menos.
- Isso o quê?
- Esse nariz.
- Ah. Vi numa vitrina, entrei e comprei.
- Logo você, papai…
Depois do almoço, ele foi recostar-se no sofá da sala, como fazia todos os dias. A mulher impacientou-se.
- Tire esse negócio.
- Por quê?
- Brincadeira tem hora.
- Mas isto não é brincadeira.
Sesteou com o nariz de borracha para o alto. Depois de meia hora, levantou-se e dirigiu-se para a porta. A mulher o interpelou.
- Aonde é que você vai?
- Como, aonde é que eu vou? Vou voltar para o consultório.
- Mas com esse nariz?
- Eu não compreendo você – disse ele, olhando-a com censura através dos aros sem lentes. – Se fosse uma gravata nova você não diria nada. Só porque é um nariz…
- Pense nos vizinhos. Pense nos clientes.
Os clientes, realmente, não compreenderam o nariz de borracha. Deram risadas (“Logo o senhor, doutor…”) fizeram perguntas, mas terminaram a consulta intrigados e saíram do consultório com dúvidas.
- Ele enlouqueceu?
- Não sei – respondia a recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos. – Nunca vi ele assim. Naquela noite ele tomou seu chuveiro, como fazia sempre antes de dormir. Depois vestiu o pijama e o nariz postiço e foi se deitar.
- Você vai usar esse nariz na cama? – perguntou a mulher.
- Vou. Aliás, não vou mais tirar esse nariz.
- Mas, por quê?
- Por quê não?
Dormiu logo. A mulher passou metade da noite olhando para o nariz de borracha. De madrugada começou a chorar baixinho. Ele enlouquecera. Era isto. Tudo estava acabado. Uma carreira brilhante, uma reputação, um nome, uma família perfeita, tudo trocado por um nariz postiço.
- Papá…
- Sim, minha filha.
- Podemos conversar?
- Claro que podemos.
- É sobre esse nariz…
- O meu nariz outra vez? Mas vocês só pensam nisso?
- Papai, como é que nós não vamos pensar? De uma hora para outra um homem como você resolve andar de nariz postiço e não quer que ninguém note?
- O nariz é meu e vou continuar a usar.
- Mas, por que, papai? Você não se dá conta de que se transformou no palhaço do prédio? Eu não posso mais encarar os vizinhos, de vergonha. A mamã não tem mais vida social.
- Não tem porque não quer…
- Como é que ela vai sair na rua com um homem de nariz postiço?
- Mas não sou “um homem”. Sou eu. O marido dela. O seu pai. Continuo o mesmo homem. Um nariz de borracha não faz nenhuma diferença.
- Se não faz nenhuma diferença, então por que usar?
- Se não faz diferença, porque não usar?
- Mas, mas…
- Minha filha…
- Chega! Não quero mais conversar. Você não é mais meu pai!
A mulher e a filha saíram de casa. Ele perdeu todos os clientes. A recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos, pediu demissão. Não sabia o que esperar de um homem que usava nariz postiço. Evitava aproximar-se dele. Mandou o pedido de demissão pelo correio. Os amigos mais chegados, numa última tentativa de salvar sua reputação, o convenceram a consultar um psiquiatra.
- Você vai concordar – disse o psiquiatra, depois de concluir que não havia nada de errado com ele – que seu comportamento é um pouco estranho…
- Estranho é o comportamento dos outros! – disse ele. – Eu continuo o mesmo. Noventa e dois por cento de meu corpo continua o que era antes. Não mudei a maneira de vestir, nem de pensar, nem de me comportar, Continuo sendo um óptimo dentista, um bom marido, bom pai, contribuinte, sócio do clube, tudo como era antes.
- Mas as pessoas repudiam todo o resto por causa deste nariz. Um simples nariz de borracha. Quer dizer que eu não sou eu, eu sou o meu nariz?
- É… – disse o psiquiatra. – Talvez você tenha razão…
O que é que você acha, leitor? Ele tem razão? Seja como for, não se entregou. Continua a usar nariz postiço. Porque agora não é mais uma questão de nariz. Agora é uma questão de princípios.

___ Através do texto complementar O Nariz discuta como se definem as questões do normal e patológico


Música: Balada do louco
(Ney Matogrosso)

Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhor
Não ser o normal

Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mais louco é quem me diz
E não é feliz
Eu sou feliz